Pensamentos em Palavras

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Archive for 23 de Junho, 2009

Dos simples prazeres da vida II

Posted by Rafa de Souza em 23/06/2009

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Em uma manhã tranquila, em um lugar tranquilo, com os olhos refletidos na própria solidão; um assento sob o sol, um cigarro entre os dedos e um livro aberto nas mãos: tira-me todo o resto, mas salva esses poucos prazeres que ainda me conservam vivo!

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Diderot

Posted by Rafa de Souza em 23/06/2009

Trechos do livro A Religiosa, de Diderot, que expõem alguns de seus pensamentos, como o fisiologismo; o conflito gerado caso esse fisiologismo não seja seguido; o problema da vida religiosa; a natureza como fonte da ética; e questões como a da liberdade e sexo.

(…) Deus, que fez o homem sociável, aprova que ele seja encerrado? Deus, que o fez tão inconstante, tão frágil, pode autorizar a teme-ridade dos votos? Estes votos, que se opõem à tendência geral da natureza, poderiam alguma vez ser observados se não fossem algumas criaturas mal constituídas em quem os germes das paixões murcharam, e que deviam contar-se entre os monstros se as nossas luzes nos permitissem conhecer com tanta facilidade e tão correctamente a estrutura interior do homem como nos é possível conhecer a sua forma exterior? Todas estas cerimónias lúgrubes que se fazem para tomar os hábitos e para fazer a profissão, quando se consagra um homem ou uma mulher à vida monástica e à desdita, suspendem as funções animais? Pelo contrário, não ficarão despertos, no silêncio, na coacção e no ócio com uma violência desconhecida às pessoas do mundo, que têm imensas distracções? Onde se vêem mentes obcecadas por espíritos impuros que as perseguem e as agitam? Onde se vê este tédio profundo, esta palidez, esta delgadez e todos estes sintomas da natureza que enlanguesce e consome? Onde se perturbam as noites com gemidos e se submergem os dias com lágrimas vertidas sem causa e precedidas de uma melancolia que não se sabe a que atribuir? Onde acontece que a natureza, rebelde a uma imposição para a qual não foi feita, transponha os obstáculos que se lhe opõem, fique furiosa e ponha a economia animal numa desordem sem remédio? Em que lugar a tristeza e mau humor aniquilam todas as qualidades sociais? Onde não há pai, nem irmão, nem irmã, nem parente, nem amigo? Onde acontece que o homem, ao não se considerar mais do que um ser de um instante que passa e acaba, trate as relações mais doces deste mundo como um viajante trata os objectos que encontra, sem afecto? Onde estão a falta de vontade, o asco e as vertigens? Qual é o lugar da servidão e do despotismo? Onde estão os ódios que nunca se apagam? Onde estão as paixões incubadas em silêncio? Onde residem a crueldade e a curiosidade? Ignora-se a história destes asilos, dizia o senhor Manouri na sua alegação, não se conhece. Acrescentava noutro lugar: “Fazer voto de pobreza é comprometer-se, por juramento, a ser preguiçoso e ladrão; fazer voto de castidade é prometer a Deus a infracção constante da mais sábia e mais importante das suas leis; fazer voto de obediência é renunciar à prerrogativa inalienável do homem, a liberdade. Se se observam estes votos, é-se um criminoso; se não se observam, é-se perjuro. A vida de claustro é a de um fanático ou de um hipócrita.” (…)

(…)Dom Morei não me deu nenhuma resposta. “Não sou a mesma que era ao entrar aqui?” Dom Morei voltou a não me responder. “Não teria continuado a ser a mesma? Onde está o mal de se amar, de o dizer e de o testemunhar? É tão doce!

– É verdade – disse dom Morei, levantando para mim os olhos que tinha conservado baixos enquanto eu falava.

– Então, isto é assim tão comum nas casas religiosas? Pobre da minha superiora! Em que estado caiu!

– É terrível, e temo que piore. Não foi feita para esta vida e, mais cedo ou mais tarde, o resultado é este. Quando nos opomos à tendência geral da natureza, essa imposição desvia-nos para afectos desordenados, que são tão mais violentos quanto mais mal fundados; é uma espécie de loucura.

– Ela está louca?

– Sim, está e ficará ainda mais.

– E acha que essa é a sorte que espera todos aqueles que abraçam uma vida para a qual não foram chamados?

– Não, não todos. Há os que morrem antes; há os que têm um carácter flexível, e que acabam por aceitar; e há os que têm esperanças vagas que os sustém por uns tempos (…)

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O intelecto como meio de conhecimento

Posted by Daniel Baseggio em 23/06/2009

A teoria cartesiana da Verdade

A teoria cartesiana da Verdade

 – Em minha continuação do estudo do livro de Forlin fixei minha reflexão sobre essa parte do Cap.V – A contraprova: o conhecimento do espírito como o primeiro e o mais fácil de todos  onde me deparo com o tema do intelecto ser o meio de se conhecer as coisas.

Abaixo a resenha:

 O intelecto é o único que conhece a natureza dos corpos, ele não necessita inteiramente dos Sentidos para obter esse conhecimento; no caso do exemplo da cera, não é a imaginação que é capaz de perceber a cera como sendo fexível e mutável, mas é pela pura concepção intelectual, ou, o puro conceito do intelecto.

 Mesmo quando o intelecto necessita do auxílio dos Sentidos para conhecer, é ele, e somente ele que conhece. Ainda no exemplo da cera, mesmo necessitando dos sentidos para a observar e constatar a mudança ocorrida na cera, não é a percepção sensível que diz respeito ao conhecimento; o conhecimento é uma percepção do intelecto.

 O intelecto conhece tanto a natureza quanto a existência dos corpo. Qualquer percepção sensível não faz consideração a respeito do conhecimento dos corpos, porém, a consideração que o intelecto faz diz respeito sobre aquilo que é sentido.

” (…)os corpos mesmos não são propriamente conhecidos pelos Sentidos, mas só pelo entendimento; de tal modo que sentir uma coisa sem uma outra nada é senão ter a ideia de uma coisa, e entender que essa ideia não é a mesma que a ideia de uma outra (…)”. (Seconde Résponses, AT IX,p.105)    

 O conhecimento do objeto se dá porque o entendimento está sobre o que está sendo visto; para saber se aquilo que se vê existe, de um lado deve-se saber que, de fato está sendo visto, e, de outro lado, o que está sendo visto. A coisa que está sendo vista é conhecida quando percebida pelo intelecto, quando é tomada consciência do objeto sensível, esta consciência implica na consideração, no juízo, assim, transcendendo os dados sensíveis do objeto.

 Assim, o intelecto conhece por meio da percepção sensível que apenas os objetos existem e, por meio de uma intuição intelectual que esses objetos são essencialmente objetos extensos.

 O conhecer a algo é saber que a coisa é, sabendo sua natureza, sendo assim, o conhecimento da existência se completa com o conhecimento da natureza. Tal conhecimento é realizado pelo intelecto anterior à experiência, este conhecimento é inato, porque ao conhecer que uma coisa corpórea existe, já pressupõe que ela seja uma coisa extensa.

 A própria abstração da coisa corpórea de suas qualidades é comandada pelo conhecimento a priori, chegando ao conhecimento de que esta coisa é essencialmente uma coisa extensa. O próprio conhecimento está sendo subordinado pelo conhecimento puramente intelectual.

 Então, é necessário a intuição intelectual para gerar o conhecimento prévio antes dos dados da percepção; ou seja, sem a intuição intelectual não há conhecimento da essência das coisas exteriores.

 – E assim continuo meus estudos….

Bibliografia: FORLIN, Enéias. A teoria cartesiana da Verdade, Editora Fapesp, São Paulo, 2005.

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