A teoria cartesiana da Verdade
– Em minha continuação do estudo do livro de Forlin fixei minha reflexão sobre essa parte do Cap.V – A contraprova: o conhecimento do espírito como o primeiro e o mais fácil de todos onde me deparo com o tema do intelecto ser o meio de se conhecer as coisas.
Abaixo a resenha:
O intelecto é o único que conhece a natureza dos corpos, ele não necessita inteiramente dos Sentidos para obter esse conhecimento; no caso do exemplo da cera, não é a imaginação que é capaz de perceber a cera como sendo fexível e mutável, mas é pela pura concepção intelectual, ou, o puro conceito do intelecto.
Mesmo quando o intelecto necessita do auxílio dos Sentidos para conhecer, é ele, e somente ele que conhece. Ainda no exemplo da cera, mesmo necessitando dos sentidos para a observar e constatar a mudança ocorrida na cera, não é a percepção sensível que diz respeito ao conhecimento; o conhecimento é uma percepção do intelecto.
O intelecto conhece tanto a natureza quanto a existência dos corpo. Qualquer percepção sensível não faz consideração a respeito do conhecimento dos corpos, porém, a consideração que o intelecto faz diz respeito sobre aquilo que é sentido.
” (…)os corpos mesmos não são propriamente conhecidos pelos Sentidos, mas só pelo entendimento; de tal modo que sentir uma coisa sem uma outra nada é senão ter a ideia de uma coisa, e entender que essa ideia não é a mesma que a ideia de uma outra (…)”. (Seconde Résponses, AT IX,p.105)
O conhecimento do objeto se dá porque o entendimento está sobre o que está sendo visto; para saber se aquilo que se vê existe, de um lado deve-se saber que, de fato está sendo visto, e, de outro lado, o que está sendo visto. A coisa que está sendo vista é conhecida quando percebida pelo intelecto, quando é tomada consciência do objeto sensível, esta consciência implica na consideração, no juízo, assim, transcendendo os dados sensíveis do objeto.
Assim, o intelecto conhece por meio da percepção sensível que apenas os objetos existem e, por meio de uma intuição intelectual que esses objetos são essencialmente objetos extensos.
O conhecer a algo é saber que a coisa é, sabendo sua natureza, sendo assim, o conhecimento da existência se completa com o conhecimento da natureza. Tal conhecimento é realizado pelo intelecto anterior à experiência, este conhecimento é inato, porque ao conhecer que uma coisa corpórea existe, já pressupõe que ela seja uma coisa extensa.
A própria abstração da coisa corpórea de suas qualidades é comandada pelo conhecimento a priori, chegando ao conhecimento de que esta coisa é essencialmente uma coisa extensa. O próprio conhecimento está sendo subordinado pelo conhecimento puramente intelectual.
Então, é necessário a intuição intelectual para gerar o conhecimento prévio antes dos dados da percepção; ou seja, sem a intuição intelectual não há conhecimento da essência das coisas exteriores.
– E assim continuo meus estudos….
Bibliografia: FORLIN, Enéias. A teoria cartesiana da Verdade, Editora Fapesp, São Paulo, 2005.