Pensamentos em Palavras

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Archive for the ‘Filosofia’ Category

reflexões – parte 01

Posted by Daniel Baseggio em 26/06/2011

Muito do que você transparece é o que realmente você é; mesmo se você tenta ludibriar sua própria aparência saiba que, mesmo tentando, só engana a si mesmo..

Não tente mudar o mundo, mude primeiro a forma de como você se vê….

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Harbert Marcuse – Eros e Civilização

Posted by Daniel Baseggio em 03/11/2010

 Prefácio Político 1966

No Prefácio Político de 1966, Marcuse nos apresenta como objetivo o de aprender a utilizar os meios de comunicações das Instituições para moldar o mundo sem restrições aos Instintos Vitais de seus indivíduos. As pessoas acham que suprem suas carências no sistema de dominação que se perpetua; a própria tecnologia que deveria tornar a sociedade mais amena em sua luta pela existência, reprime o indivíduo transformando o seu meio, faz parecer que as diferenças sumiam graças a aparente satisfação de carências criadas por autoridades que não justificam seus fins – satisfazem a energia sexual e agressiva de seus súditos.

Aos que nascem dentro deste sistema de instituições que reprimem de um lado e procuram satisfazer do outro, pelo consumismo, tem que se acostumar aos requisitos desta realidade. A repressão instintiva reproduz este sistema de consumo, onde a atividade libidinal é voltada para uma satisfação imediata; as Instituições direcionam as considerações libidinais de seus indivíduos, e “podem ativar e satisfazer a agressividade na dimensão profunda do inconsciente”. O povo deveria se voltar contra, pois é manipulado pela repressão, possuem uma liberdade pressuposta em sua ignorância e sua própria impotência.

Um exemplo demonstrado nos anos 60 é a pressuposta liberdade sexual; de um lado havia a liberdade sexual – com os hippies e homossexuais – de outro o Vietnã e uma ilusão de produtividade; a mesma consideração pode ser feita pela liberdade sexual na época dos nazistas – havia-se uma aparente liberdade da sexualidade e a agressividade dos atos antihumanitários. Marcuse afirma que esta liberdade transforma a Terra num inferno; enquanto uma parte da civilização cresce, a parte menos afluente se torna passível de eliminação. Tais são eliminadas a que preço?

Os crimes contra a humanidade são feitos em nome de uma “liberdade”. Depois da escravidão fundou-se uma espécie de liberdade econômica em conjunto com a servidão voluntária ao trabalho; a servidão do homem tornou-se algo agradável, passou a se estabelecer uma reprodução da produtividade de repressão. Essa união de liberdade e repressão tornou-se “natural” para a civilização; há uma destruição daquilo que é interno e individual em prol de uma prosperidade como produto de consumo.

Uma inversão do rumo deste progresso está na libertação das necessidades instintivas do Eros “associal”. Com um novo ponto de vista há como evitar a continuidade deste Estado de satisfação aparente, modificando aquilo que causa repressão. A proposta de um novo progresso está na ativação das necessidades orgânicas do homem. No entanto, há uma espécie de utopia de liberdade que aparece sendo remota dentro de nosso contexto; o conflito é contido quando a massa participa dos benefícios que as Instituições promovem; até mesmo a oposição é, de certo modo, “contida”. A revolta dos países atrasados encontra sua realização frente aos países adiantados, acaba gerando uma revolta e uma repressão ao estrangeiro.

A revolta contra a própria repressão encontra seu objetivo na revolta do corpo como máquina; a máquina política, cultural e educacional são objetos da revolta por moldarem os gostos e reprimirem os instintos. Com a falsa impressão de desenvolvimento, e o surgimento da “agressão” dos mais fortes aos mais fracos, a capacidade de matar atinge grandes proporções e incita a uma sociedade de guerra – onde seus cidadãos não notam, mas suas vitimas percebem. A revolta das nações atrasadas irá tentar proporcionar a satisfação das necessidades vitais de seus indivíduos. As nações superdesenvolvidas, porém, se valem de condições ardilosas para perpetuar suas subordinações.

A Revolução que Marcuse cita deverá conter uma inversão da tendência de subordinação dos mais fracos aos mais fortes; além da rejeição à produtividade, poderá significar um estágio superior do desenvolvimento humano. Os Instintos Vitais serão responsáveis pela transformação da natureza.

O Estado beligerante aniquila os mais atrasados, são constituídos por sociedades mais ricas com interesses particulares e que se confrontam; utilizam da tecnologia como forma de repressão; a “agressão” provém da repressão dos instintos, pode gerar uma rebeldia social e uma revolta instintiva. Nesse estado a energia do corpo se volta para uma revolta contra aquele que reprime; a existência dos rebeldes com sua necessidade de libertação e contradição com as sociedades superdesenvolvidas se tornam algo plausível e admissível. Além disso, o papel do herói é glorificado por tal sociedade, cada vez mais “capacita” soldados em uma guerra fútil; para eles, o sacrifício do herói deve  ser imortalizado.

Não há progresso seguro com a ciência e o dinheiro; a agressão desta sociedade pode voltar-se contra o agressor, pois a primeira agressão incita uma cadeia de outras, tanto para aquele que agride como para aquele que é agredido. O Eros desta civilização dá comodidade apenas para aqueles que se submetes a repressão, perpetua a agressividade no sentido da agressão.

Em defesa da vida, Marcuse faz seu protesto contra as guerras criticando o recrutamento, a perpetuação pelos direitos civis e a negação da necessidade de marcas de grifes consumistas. Mas, como unir as esferas eróticas com as políticas? A critica deve transcender os protestos em prol de liberdade sexual (cartazes como: “MAKE LOVE, NOT WAR”): essa libertação esconde uma aparente satisfação, como ocorreu nos anos 60 em meio à guerra do Vietnã; deverá transcender também ao capitalismo sindicalizado, onde os trabalhadores mantêm e conservam o sistema de consumo, defendidos da estrutura social que mantém. Pode-se afirmar, com o caráter duvidoso do futuro, que as pessoas preferem aquilo que já acontece; a ordem estabelecida pelas instituições é forte e eficiente para justificar seus fins.

O controle de massa é efetivado pelo trabalho em tempo integral; o progresso técnico conserva a sociedade já estabelecida, faz suprimir as necessidades a partir do trabalho, a sociedade passa a ser edificada pelo trabalho. A necessidade social passa a se declinar para a mão de obra produtiva. Não há mais fonte de prazer no trabalho; o trabalhador passa a ser improdutivo em sua própria satisfação instintiva. Contra isto a criação de ocupações sem a repressão do trabalho deverá transcender a economia do mercado. O Governo sempre se prepara para as revoltas, organizando os desejos e anseios da população, administram a satisfação da comunidade.

A manifestação de Eros (tomado como prazer e satisfação) não é observada em meio ao sistema repressivo que as Instituições impõem; as finalidades instintivas são satisfeitas dentro do quadro comercial do consumismo. As pessoas dentro deste sistema negam seus instintos de Vida em sua manifestação erótica, a influência lucrativa reprime os instintos. Por um lado, o desenvolvimento econômico valida a ideia da abolição do trabalho – “vida como fim em si mesma” -, por outro lado, enquanto Inimigo interno e externo o desenvolvimento econômico é força propulsora para o “status quo”. O conflito não se dará dentro da esfera econômica, a esfera bélica e militar que protege também destrói. O sistema capitalista se efetiva sob crises econômicas fundamentadas em políticas arrasadoras.

A luta por Eros é uma luta política que se manifesta contra o trabalhismo, contra a mão de obra sindicalizada e do processo material. Trata-se de uma luta em prol dos Instintos de Vida, contra a repressão e contra a produtividade.

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O mal estar na civilização – c.1

Posted by Daniel Baseggio em 10/10/2010

 Freud – O mal estar na civilização
Capitulo 1

 Freud começa sua obra apontando a necessidade das pessoas que buscam falsos padrões de avaliação; substituem aquilo que é importante para a vida, pois buscam padrões que são diferentes entre os próprios homens, por exemplo: alguns tem a necessidade da admiração, enquanto outros não. A minoria das pessoas estimam aqueles que se afastam dessa busca, já a grande maioria estima as pessoas afortunadas.

 Em algumas correspondências, há  a presença da discussão acerca da religiosidade; o amigo de Freud afirmava que a religiosidade é um sentimento peculiar, um “sentimento oceânico”  (perseverança), um sentimento de algo ilimitado, mas não universal; é puramente subjetivo e não faz mensão à imortalidade da alma. Esse sentimento religioso independe da religião.

 Freud, porém, não experimentou esse sentimento religioso; o autor afirma que não há como cientificar um sentimento, a fisiologia pode apenas caracterizá-lo. Ele aponta a ideia que pressupõe o vínculo do homem com o mundo, a religiosidade é um consolo para o sujeito preso no mundo, seu vínculo com o mundo é, porém, inquebrável. O filósofo não nega a existência desse sentimento, mas afirma que a posição de seu amigo não é totalmente racional porque está inclinada para seus sentimentos.

 Ele tentará justificar o sentimento religioso dirigido para o mundo, pela psicanálise. Inicia sua reflexão com a certeza do eu, não um eu cartesiano, mas, o próprio ego: o ego demarca uma linha entre a interioridade e o mundo. Entretanto, no auge do amor essa linha é apagada implicando numa consideração do mundo e do ego como uma coisa só; o amor propicia às perturbações que a patologia, em seus estudos sobre as inclinações, nos familiarizou.

 Há uma diferença entre o ego adulto do ego infantil; por exempli, uma criança recém nascida não distingue o ego do mundo, vai fazê-lo gradualmente, o ego é contrastado com um objeto exterior. Logo, ele descobre a distinção do ego com o mundo quando visa afastar aquilo que lhe causa sofrimento; afasta-se do desprazer voltando para si, separando o ego do mundo. Às vezes o prazer se encontra interno, ou, em cortar um desprazer interno para obter um prazer externo. Diferenciar o ego do mundo possibilita a defesa contra o sofrimento; tal conhecimento é o ponto de partida para conhecimento dos distúrbios patológicos.

 O ego separado do mundo externo abandona o sentimento de religiosidade; quando não se separa, mantém a religiosidade e o ego continua com seu vínculo com o mundo. Os homens estão intrescecamente ligados com o mundo, mesmo se o ego se desvincular com ele.

 Na esfera mental não há esquecimento, por meio de uma analogia com a história de Roma e seu passado Freud vai tentar justificar o passado mental onde, em Roma, hoje observamos o Coliseu, anteriormente era a Casa Dourada de Nero; sugere-se que o que muda é a forma, mas o plano nunca deixou de mudar; tudo o que existe, existe ao mesmo tempo. Pode-se perguntar o porquê escolher o passado de uma cidade, pois este é um exemplo inapropriado para justificar o passado mental, ou melhor, a memória.

 O passado é preservado na vida mental, o ego não apaga o que era antes. O “sentimento religioso” (descrito pelo amigo de Freud) implica no sentido primitivo do ego – na sua junção de ego com o mundo. Logo nos aparece a seguin te questão a ser feita: que direito tem esse sentimento de ser considerado como fonte das necessidades religiosas? Tal sentimento não é obrigatório, é passageiro desde a infância, a não ser que ele seja sustentado com uma espécie de medo do Destino (neste caso prolonga-se para a vida adulta). A necessidade religiosa é um desamparo infantil, serve de conforto para o ego ameaçado pelo mundo externo, o sujeito rejeita o desprazer ao invés de afastá-lo.

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Bacon – Os signos e a causa dos erros

Posted by Daniel Baseggio em 05/04/2010

 Bacon aponta a autoridade que a filosofia antiga imponha sobre as pessoas, o autor disfere uma crítica geral às filosofias antigas. Devemos ser cautelosos contra todos os sistemas filosóficos afim de não firmarmos em nossos ídolos. Além de converter a ciência, introduzem a acatalepsia – negação da existência da possibilidade da verdade. A filosofia aristotélica, para Bacon, depravou e destruiu as outras filosofias.
 O objetivo baconiano é o de edificar um novo alicerce acabanco com o antigo; pretende resguardar o intelecto humano de suas deficiências (paixões e sentimentos); aponta as falsas noções que obstruem o conhecimento. Bacon introduz o método indutivo e observacional; é preciso, em primeiro lugar, conhecer os ídolos para depois expurgá-los.
 O uso da experiência é cego e estúpido quando mal fundado, presumem seus experimentos devido a outros, ou mesmo, restrito às experiências particulares. É necessário ampliar a investigação até as coisas mais gerais.Quando procedemos corretamente para o expermento desencadearemos uma série contínua de obras. O conhecimento dos signos nos prepara para distinguir a filosofia do mal uso que ela se seguia. Banco fará uma análise do conhecimento antigo – errôneo – construíndo uma psicologia daquilo que impede o conhecimento humano.
 O problema está no fato das ciências serem gregas e, com seu próprio caráter, predispõe a disputa.
 O signo retirado da época superficial  do conhecimento – o grego – se limita num conhecimento geográfico, julgando inabitável muitas áreas, quando na verdade não foram colonizadas. No tempo de Bacon, as grandes navegações marcaram a possibilidade do conhecimento avançar. A filosofia dos antigos em matéria de conhecimento do mundo era fraca e nada podia-se delas esperar. Bacon descreve o horizonte estreito dos gregos.
 Na filosofia grega não há um único experimento que se possa dizer que contribuiu para a condição humana, não produziam conclusões que nos leva a um alívio para a humanidade; não conduz ao conhecimento.
 Em dois mil anos (contados a partir dos gregos e não da data cristã) não houve progresso significativo; mesmo o conhecimento da natureza crescendo e se desenvolvendo declinam na medida em que se afastam dos primeitos autores ( dos présocáticos, que investigavam a natureza).
 Outro signo que Bacon destaca está na diversidade de doutrinas que se estabeleceram formando uma variedade de escolas filosóficas. Elas não trataram a natureza, nem a via segura do conhecimento. A natureza foi corrompida e dividida emdiversos erros. Essas doutrinas possuem inúmeros problemas e nos mostra o quanto errôneas são. No entanto, elas parecem ter cessado.
 Para que as doutrinas de Platão e de Aristóteles se fundassem usavam o argumento de consenso universal para sua aceitação; mas, este argumento se mostra falho, pois uma vez que o consenso consiste numa “coincidência de juízos livres sobre uma questão predecentemente examinada” (N.O. af.77, Livro 1). Este consenso nunca se tornará uma autoridade verdadeira, pois depende de uma outra autoridade; pior ainda é quando tal consenso deriva dos assuntos intelectuais.
 Esses conceitos falhos aprisionam o intelecto devido a sua vulgaridade, ocasionando os erros.
 As causas dos erros se mostram persistentes por vários séculos, por isso podemos contar quais foram os três períodos do saber: um com os gregos, um com os romanos, e o útimo com a Europa Ocidental. Mesmo nestes períodos a filosofia natural tornou-se insignificante na atividade humana; acabou por prestar serviço para a medicina e para a matemática.
 A filosofia natural deve ser levada às ciências particulares e as ciências particulares devem ser incorporadas à filosofia natural. Na medida em que as diversidades se dispersarem não mais não mais agredirão a filosofia natural. Desse modo, a ciência crescerá, depois da separação com suas raízes.
 A meta da ciência natural é voltar para a vida humana com novos instrume ntos e recursos; é de tornar-se útil ao homem, ao bem estar coletivo.

Cf. Novo Organum – Livro 1.

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A questão teológica subjacente na filosofia de Bacon

Posted by Daniel Baseggio em 09/03/2010

 

O problema que encontramos explícito na filosofia de Bacon, de cunho teológico, advém desde a tradição e consiste na seguinte pergunta: como reconquistar o domínio da natureza, depois da corrupção do homem ao pecado original? Trata-se de compreender a interdição sobre o homem de compreender a natureza devido o pecado original estar impresso nele.
 No âmbito metafísico e teológico é o pecado original que impede que o homem possa conhecer a natureza. Paolo Rossi, comentador de Bacon, apresenta referências bíblicas presentes na filosofia baconiana; por exemplo a chamada PARASERVE (prescrição do sábado) e a BENSALEN (nome da ilha da Nova Atlântida); “as obras e as atrações têm fundo metafísico e religioso“.
 O motivo do pecado, apresentado por Bacon, consiste na tentação da pretensão de igualar o conhecimento com o conhecimento divino, pelo conhecimento do bem e do mal. Foi estimulado pela oportunidade do saber e, por isso, foi punido com a separação de Deus devido o pecado se inserir na natureza humana. Então, o problema está na pretensão humana à ciência do bem e do mal; o problema se encontra no âmbito ético.
 Antes do pecado o homem tinha capacidade de refletir a natureza, com a queda veio a corrupção. Isto afirma Bacon:

Pois a mente do homem está longe da natureza de um espelho claro e liso, onde os raios das coisas deveriam refletir de acordo com a sua verdadeira incidência: não, é como um espelho encantado cheio de superstição e impostura se ela não for liberada e corrigida.
(Advanced of Learning)

 Em minha interpretação da passagem, quando o homem era um “espelho claro e liso” havia-se um pleno conhecimento da natureza; a “reflexão” mostra a imagem nítida da natureza, sendo de acordo com o que é porque ele é “liso“; quando o homem se torna um “espelho encantado” apresenta uma forma errônea e mesclada de um juízo cheio de preceitos para com a natureza; é fundada na “superstição” quando estamos inclinados em nossos próprios prejuízos, implicando, assim,  numa “impostura” fundamentada em método para acarretar conhecimento da natureza. Uma vez “liberada” a mente dos prejuízos, está corrigida a volta para o método do “espelho liso“, ou seja, sem essa inclinação errônea de conhecer a natureza podemos fundar um método longe dos prejuízos e do pecado original.

O verdadeiro fim do conhecimento é a restituição e a restauração do homem à soberania e ao poder que ele tinha no primeiro estágio da criação. Para falar com clareza e simplicidade, esse fim consiste na descoberta de todas as operações e probabilidades de operação: desde a imortalidade até a mais desprezada arte mecânica.
(Idem)

 Bacon, portanto, faz uma distinção entre filosofia e teologia: a teologia está relacionada com a palavra de Deus; a filosofia está relacionada com as obras de Deus. Do ponto de vista do homem à obra, só esta pode ser conhecida; enquanto as causas primeiras, a verdade, a vontade de Deus, é inalcansável. A penas conhecemos os efeitos da obra de Deus. Pela fé e pela religião o homem pode recuperar a justiça perdida antes com a corrupção; pela nova filosofia, o homem recupera o conhecimento das segundas causas, os objetos da natureza. Tudo isto a partir da instauração do novo método baconiano.

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Introdução à Filosofia de Bacon

Posted by Daniel Baseggio em 08/03/2010

Francis Bacon (1561 – 1626) nasceu em Londres, estudou em Pambridge, ocupou vários cargos importantes, como: advogado da coroa e fiscal geral. Em 1618 foi nomeado lorde chanceler e barão Veruliano; em 1621 foi nomeado visconde de St. Albansen. Entretanto, foi preso e acusado de extorsão.
 Sua principal obra foi o Novum Organum (1621) onde colocava uma nova lógica com um novo instrumento, contrapondo o organum de Aristóteles. Bacon pretendia desenvolver um novo método visando atingir os fenômenos da natureza e, com isso, substituir a antiga ciência por uma nova e operante.
 A chamada INSTAURATIO MAGNA consiste numa obra de operação de restauração científica; contudo, esta têm um estilo religioso: antes do pecado, os homens conheciam perfeitamente a natureza; com a queda, o homem e a natureza se corromperam. Essa passagem inclina-se para algumas questões: como recuperar o estado original da mente humana? Onde está a capacidade de conhecer a natureza das coisas?

Pois o homem, pela queda, caiu ao mesmo tempo de seu estado de inocência e de seu domínio sobre a criação; ambas as perdas, contudopodem ser em parte remediadas ainda nesta vida; a primeira pela religião e fé; a segunda pelas artes e ciências. (Novo Organum)

 A segunda parte do Novum Organum se dedica na derrubada do instrumento antigo de ciência; ao invés dos Silogismos, que antes eram comumente aplicados, Bacon propõe a verdadeira Indução. De primeira instância devemos nos afastar daqueles conhecimentos fundados em preconceitos e prejuízos, estes que atrapalham e obstruem a aquisição de conhecimento.
 Para tal é necessário que se faça uma experimentação histórica do fenômeno do Universo, ou, uma História Natural; na visão baconiana, é distinguido a escrita apenas para o deleite – que é inútil para a ciência -, daquela que é necessariamente a escrita científica – que é concepção constituínte para a organização da nova filosofia.
 Bacon propõe também uma escalada para o intelecto. Sendo como metodologia, os ensaios e testes antes do amadurecimento para a nova ciência. Seu método nos mostra como passar dos axiomas às formas.

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Há Metafísica Bastante em não Pensar em Nada

Posted by Rafa de Souza em 28/01/2010

Há Metafísica Bastante em não Pensar em Nada

Há metafísica bastante em não pensar em nada.

O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?

Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).

O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.

Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

“Constituição íntima das cousas”…
“Sentido íntimo do Universo”…
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados
das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.

Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.

O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!

(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.

Alberto Caeiro, in “O Guardador de Rebanhos – Poema V”
Heterónimo de Fernando Pessoa

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O erro na Metafísica de Descartes

Posted by Daniel Baseggio em 14/01/2010

  

Descartes introduz a definição das duas faculdades do juízo – a vontade e o entendimento – na Quarta Meditação, onde também é encontrado a problemática do erro de juízo.
   De frente com o problema, Descartes visa inocentar Deus do erro afirmando que Nele não poderia haver nenhum engano ou querer enganar; querer enganar simboliza sinal de imperfeição, não poderia conter em Deus, pois Ele é perfeito.
   Entretanto, como explicar o erro? Como poderia Deus deixar que o erro existisse?
   Acerca do erro, podemos caracterizá-lo como um mal; Descartes fala a respeito de dois tipos de males: o mal de negação e o mal de privação.
   O mal de negação têm por característica a falta de algo proveniente a alguma natureza, ou seja, a falta de asas em peixes, ou a falta de nadadeiras em humanos. Ainda não poderíamos culpar a Deus por esse mal, pois Ele em sua inteira perfeição criou cada coisa da melhor maneira possível; podemos inocentá-lo porque desconhecemos os fins de Deus, se ele criou o homem sem nadadeiras é por algum motivo que nós desconhecemos.
   O outro tipo de mal citado por Descartes é o de privação, este último consiste na falta de algum conhecimento que o indivíduo deveria ter; é de inteira responsabilidade do homem, pois dele implica no erro de juízo.
   Este erro consiste numa falha humana no uso de suas faculdades do juízo – a vontade e o entendimento.  Também essas faculdade concebidas por Deus não são de modo algum imperfeitas; estando toda a imperfeição no uso indevido do homem.
   A vontade marca nossa semelhança com o criador, porque é de extensão infinita; marca nossa liberdade de ação, nosso livre arbítrio. O entendimento, por sua vez, é de extensão menor do que a vontade, é a faculdade concebedora das ideias claras e distintas. Ideias estas que correspondem com a realidade e com a inteira indubitabilidade.
   Tanto a vontade quanto o entendimento são faculdades perfeitas; a vontade é assim porque consiste em nossa liberdade; o entedimento é perfeito porque concebe apenas o que é perfeito, mesmo sendo de extensão menor que a vontade não denota imperfeição, pois não há motivos para uma criatura finita ter um entendimento mais amplo. Nosso entendimento é o suficiente para discernirmos o bem do mal.
   Então, visto que o erro é de responsabilidade do homem devido ao mau uso de suas faculdades, de não adequar a vontade nos limites do entendimento, como remediar esse mal de privação? Qual seria o método cartesiano para eviatarmos o erro?
   O movimento cartesiano visa que utilizemos perfeitamente as faculdades do juízo, mantendo a vontade nos limites do entendimento. Essa regra chamo de prudência, que consite em não deliberar sob aquilo que aparentemente é duvidoso, ou que o entendimento não conceba como verdadeiro.
   Portanto, usando prudentemente nossas faculdade evitamos o erro; sendo que as faculdades são perfeitas em sua natureza, imperfeito é nosso uso e deste provém o erro que é de nossa responsabilidade.

Bibliografia: Descartes, René. Meditações Metafísicas, Os Pensadores, editora Abril Cultural, 1996.

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Esperança e Amor em Tomás de Aquino

Posted by Daniel Baseggio em 24/11/2009

 Tomás de Aquino apresenta a relação entre o amor e a esperança, onde sua síntese se encontra no desespero. Tal amor nos aproxima da pelnitude, ou seja, de Deus.

 Em um único ser encontram-se vários demônios denominados como uma multidão, um múltipo. Esses demônios correspondem à bondade e maldade; com esse múltiplo num único sujeito há um conflito dentro dele mesmo, acontece devido às diferentes polaridades agindo no interior do sujeito. Somente no encontro com o efetivo, com Deus, há a superação do conflito.
 A relação de amor do sujeito com o efetivo faz com que expulsemos esse múltiplo de nós. Tomás articula a relação entre esperança e amor:

  O amor precede a esperança, uma vez que esperamos algo bom de quem amamos. Mas a esperança também precede o amor, uma vez que esperamos amar o que virá.
  (Suma, Q, 40).

 No primeiro caso, o amor já é efetivo, espera-se apenas o que pode advir daquilo que é amado; no segundo, pelo contrário, quando não temos o objeto amado, mas somente esperamos para efetivar o amor. Esse amor que não acha-se o que se está esperando nos remete ao desespero, a partir dele há a esperança e o amor.
 O amor trata-se de algo “cego”, pois abre-se uma perspectiva para o geral, gosta-se de tudo mesmo antes de se efetivar. O desespero não se trata de um amor sem esperança, mas sim de uma conciliação entre os dois; mesmo havendo esperança – quando se espera por algo – trata-se de uma esperança em aberto, sem a perspectiva do anseio que a esperança própriamente dita nos traz.
 Aquele que ama desespera-se, pois aquele que encontra o efetivo e pleno se livra de seus demônios, esvazia-se em desespero – quando não se espera por nada. Com este desespero indica-se a expuragação dos múltiplos; o que dá sentido àquela relação com o divino é a relação de amor efetivo.
 Mas, há aqueles que temem o amor devido ao desamor, pois na medida em que a relação desesperada abre uma perspectiva para o desconhecido, e, justamente por ser desconhecido teme-se uma não retribuição. O temor implica no ódio. Para aquele que sente ódio não encontra o desespero, e, logo não há amor nem efetivação da plenitude.
 O ódio afasta o sujeito do Uno, volta o sujeito para a pespectiva da múltidão, dos demônios. A negação do Uno remete o sujeito aos demônios via ódio.
 O ato faz com que superemos as espectativas, faz com que efetivemos as ações no presente; apenas a esperança faz com que fiquemos anseiando o futuro. O ato do amor é um particular do universal; o particular pode se tornar melhor quando consideramos a totalidade como perfeito, ou seja, somente por considerar a parte reconheceriamos imperfeição, mas, visto que as obras de Deus são expressadas pela sua existência, e nunca compreenderíamos inteiramente, reconhecer a totalidade da obra é conhecer a essência de Deus, e, portanto, é vislumbrar sua perfeição.
 Quando o ato já se efetiva denota a perfeição; mantendo vínculo com a essência mantêm-se vínculo com o universal; o sujeito afasta-se do múltiplo reconhecendo o efetivo, encontra por meio do amor desesperado a  efetividade do Ser.

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Prova da existência de Deus em Tomás de Aquino

Posted by Daniel Baseggio em 23/11/2009

 

A grande diferença entre a filosofia de Agostinho e a de Tomás está explícita na prova da existência de Deus. Em Agostinho é possível e desnecessário, enquanto para Tomás a prova da existência é possível e necessária.

 Na relação entre potência (DYNAMIS) e ato (ENERGÉIA) – essência (ESSENTIA) e existência (ESSE) – há uma relação entre a divindade e suas obras; entre a origem e o fim; entre a causa e o efeito. Conhecendo a obra podemos conhecer o criador, este conhecimento da relação se manifesta no efeito da causa invisível.
 Desse modo, podemos através da obra ter algum conhecimento do criador; a partir das coisas que exprimem sua ESSE podemos conhecer sua ESSENTIA. No entanto, mesmo o conhecimento da obra não traz o conhecimento completo de criador, há sempre o conhecimento aberto em novas perspectivas, em novas obras de algo que não conheço plenamente. Mantendo o laço de amor – desesperado (no sentido próprio da palavra) – com aquele que não conheço plenamente, trazemos a tona a perspectiva da confiança efetivada em um contínuo diálogo com o desconhecido.
 Segundo Agostinho, o conhecimento que temos de Deus também se dá a partir da confiança e do amor. Para conhecer a Deus necessitamos da experiência mística. A ascenção da experiência pode ser dada pelo perdão.
 Tal movimento de ascensão mística se dá, primeiramente, do exterior para o interior do sujeito, e, dele implicando para o superior. Essa experiência se passa pela renúncia de si, a união com o divino promove essa renúncia. Em Agostinho o conhecimento da ESSE de Deus necessita da verdade, da fé e do amor; não se trata somente da Razão, mas necessita do conhecimento da relaçãoe  da passagem do múltiplo. A partir desse múltiplo, em um movimento de auto compreensão, na saída da perspectiva particular para o universal, o sujeito se reconhece como parte do Uno reconfigurando seu ser. Uma vez passado pelo movimento místico não se necessita mais da prova da existência de Deus, em Agostinho essa prova se torna desnecessária.
 No entanto, em Tomás, a prova da existência de Deus é necessária mesmo não sendo totalmente evidente para o homem. Se o sujeito fosse agir somente sob estado de ascensão, a ESSE de Deus não seria comprovada e manifesta para aquele que não encontrou esse estado místico. Desse modo, podendo as obras serem conhecidas pelo sujeito, mesmo sem ascensão mística,  pode-se abrir a perspectiva para conhecer a ESSE de Deus.
 A evidência das obras idica  aquilo que advém do criador invisível; por conseguinte, pela evidência podemos obter o conhecimento da obra para, posteriormente, introduzir a fé e o amor. Esse conhecimento sempre se mantêm em aberto, pois a ESSE de Deus não se esgota; tal perspectiva sempre implicará na abertura, no amor, assim como a perspectiva sempre se mantererá presente.
 Portanto, por conta disso, pelas evidências, pelas obras, tarna possível conhecer a ESSENTIA de Deus, pois na medida em que tais obras manifestam a ENERGÉIA de Deus, e o conhecimento da ESSENTIA advém do conhecimento da ESSE, quando obtemos a abertura constante da pespectiva de suas obras conhecemos a ESSE de Deus.

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